A palavra “Política” no Brasil ganhou
o pior dos sentidos para os brasileiros. Não raro ouvimos as pessoas falarem que
“detesta política” querendo dizer que “detesta campanha eleitoral”, ou dizer
que “político é corrupto” querendo dizer que “candidato ou gestor público é
corrupto”. A mídia faz e dissemina essa
grande confusão. As manchetes dizem “Últimas
notícias sobre a política no Brasil”, mas na verdade quer dizer
“Últimas notícias sobre as eleições no Brasil”, ou “Acompanhe e fiscalize o que
os políticos estão fazendo no
Brasil”, querendo dizer “Acompanhe e fiscalize o que os gestores públicos estão
fazendo no Brasil”. Essa confusão antiga faz com que as pessoas desconheçam o
verdadeiro sentido do termo “política” e pior, não saibam exercer sua
cidadania, pois palavras se traduzem em atitudes, ou seja, palavras mal
empregadas dão origem a atitudes equivocadas.
Boa parte dessa noção equivocada sobre
política foi difundida por Nicolau Maquiavel. Para ele a Política é a ciência
do poder, ou seja, a arte de conquistar, manter e exercer o poder. Nesse
sentido o termo poderia ser usado para designar o governo ou a própria figura
do Governador, em sentido amplo. Muitos imperadores foram influenciados por esse
conceito e se encarregaram de fazer da palavra “política” a insígnia do
imperialismo e da dominação. Os coronéis, na época do império, e os gestores
públicos reproduziram essa má fama do termo. Aos poucos a palavra “política”
vem ganhando uma clara e perigosa intolerância; parece soar pejorativamente aos
ouvidos dos jovens brasileiros tão cansados com os desmandos de alguns gestores
públicos.
A palavra
política é oriunda da Grécia antiga. Referia-se ao Estado e não ao Poder. Era a
palavra usada para designar todos os procedimentos relativos à sociedade, à
comunidade, à harmonia de interesses entre os seres humanos, a vida e o
ambiente. A Política deveria ser entendida hoje como as ações do Estado para
proporcionar melhoria de vida entre seus cidadãos. Assim não teria essa noção
errônea de partidarismo, militância eleitoreira que ao termo “política” se empresta
atualmente. Aristóteles influenciou o pensamento sobre a política, ao pensa-la
como a ciência suprema que investiga qual a forma de governo é capaz de
garantir a prosperidade coletiva, sendo impossível conceber o ser humano fora
do Estado e, portanto, fora da política.
É impossível odiar a POLÍTICA, já que
vivemos dentro dela, mas é possível odiar CAMPANHAS ELEITORAIS, principalmente
quando são feitas com uso de fraude, excessos, desonestidades. É impossível
odiar os POLÍTICOS, pois todos somos políticos no exercício da cidadania, mas é
possível odiar CANDIDATOS ou GESTORES PÚBLICOS, principalmente aqueles que
faltam com a verdade ou não honram os compromissos assumidos. O ser humano é um ser social, já se disse, portanto, viver em sociedade requer organização,
organizar a sociedade de modo que ela seja boa para todos é o que se pode
chamar de política.
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