Não sou nenhum especialista no assunto, mas falar da Educação que se pratica hoje, que deixa a desejar na vida prática e esta longe de ser um modelo de educação significativa, tanto para o aluno quanto para a sociedade, não é tarefa tão dificil quando partimos de uma observação constante sobre o assunto no seio da sociedade. Vou falar desse assunto, antes porém, devo acrescentar que as limitações que uma observação superficial acarreta e o perigo que ela traz de ter que arcar com grandes prejuízos gerados pela pouca amplitude do debate e pela falta de embasamento teórico para os fatos é um risco grave que não temo correr. Na verdade, esse texto é apenas o esboço de um pensamento livre, uma opinião desprovida de grandes estudos. Dizer isso, na introdução desse texto, é como se eu tivesse querendo desestimular o leitor a prosseguir na leitura do mesmo, entretanto, penso que ser honesto é tornar esse texto menos fajuto e para tentar ajudá-lo a seguir até os próximos parágrafos, pergunto se não lhe inquieta tanto quanto a mim, o modelo de Educação que se pratica hoje no Brasil? Pois se essa inquietação é algo comum, então vejamos se não compartilhamos da mesma opinião.
É notável um certo esforço governamental pela melhoria do processo de ensino, através dos programas de formação do docente, da preocupação com a alimentação escolar que auxilia na aprendizagem e na permanencia dos alunos em sala de aula, na aquisição de novas tecnologias para aplicação na Educação, enfim. Mas a questão não é essa. O que me indago constantemente é: será que o modelo estrutural da educação está no caminho certo? Será que os investimentos estão sendo destinados de forma correta? Pergunto-me sempre se os grandes teóricos, pensadores e críticos da Educação, que são os reais responsáveis pelo atual modelo, principalmente aqueles que tem força política suficiente para fazer acontecer este modelo, será que estão olhando pela ótica correta? É claro que os frutos dirão se esta árvore não é daninha.
Outro dia entrei num ônibus escolar que trazia crianças da zona rural para a cidade e observei que nenhum dos alunos usavam o cinto de segurança e que o motorista nada dizia. Fiquei intrigado, pois como podemos ensinar a obrigatoriedade do uso do cinto, bem como sua importância para a segurança no transporte se os nossos alunos não exercitam isso na prática cotidiana. Claro que tive que chamar a atenção do motorista e dar uma aula de segurança na estrada, não deixado, claro, de bancar o tremendo chato. Chato porque estou tentando protegé-los.
Na minha opinião, a escola morta do século XXI é aquela que não faz diferença e nem faz falta na sociedade. Uma instituição que não consegue levar sua clientela a discutir os problemas sociais, que é incapaz de promover uma sensibilização crítica propiciando mudanças de atitudes é uma escola morta. Aquela escola que não tem a vida como referência, ponto de partida e de chegada, de convivência coletiva, é uma escola morta. A escola que não consegue atrair a comunidade e interagir com ela é uma escola morta. É ainda uma escola morta aquela que se esquiva da responsabilidade de formar cidadãos além de profissionais.
Para ressucitar dessa inércia a escola precisa ir além de seus muros, os professores precisam ir além das necessidades didáticas, de conteúdos frios de seus alunos e esses alunos e essa sociedade precisa ser instigada a ver na escola o ambiente de transformação e construção de seus organismos sociais. A escola precisa ser vista como o grande laboratório onde a vida é desmistificada, os porquês são respondidos, os horizontes e as óticas são ampliados e o conhecimento acontece em parceria com a realidade.
Seria uma escola mágica, de feiticeiros e bruxas? Não. Seria uma escola cidadã, ativa, participativa e sobretudo movida pelo espírito comunitário e solidário. Seria um sonho? Uma fantasia? Uma utopia, no sentido ruim da palavra? Não. Seria a aplicação correta dos investimentos públicos no caminho de uma Educação significativa que faça de nossas escolas um lugar para onde todos desejem ir.
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