por Milton Pires
Como médico e funcionário público, há muito venho denunciando o caos e
as barbaridades perpetradas contra os pacientes e colegas no Sistema
Único de Saúde. Como cidadão, pagador de impostos e eleitor, como
simples telespectador e leitor de qualquer jornal, acompanho e presto
minha solidariedade ao tratamento canino que estão recebendo os
professores e policiais brasileiros. De uma maneira geral eu não podia,
até hoje, acreditar que existisse classe profissional que estivesse
submetida à humilhação maior durante o Regime Petista no Brasil do que
os funcionários da segurança, educação e saúde. Hoje vou me dirigir aos
juízes brasileiros. Vou correr esse risco de escrever em sua defesa no
país onde quem escreve qualquer coisa parece ter “sempre um motivo por
trás” - prato cheio para aqueles que vão dizer que, “já que o Dr. Milton
move ações contra a Administração Pública”, natural que se torne um
puxa-saco dos magistrados.
Escrevo num exercício daquilo que se
chama empatia: a capacidade de colocar-se no lugar do outro. Defendo os
verdadeiros juízes num tempo e lugar em que a primeira contestação ao
meu texto há de ser que “juízes não passam fome” ..não “pegam ônibus”
..não “fazem plantão, não levam tiros nem apanham de alunos traficantes
de crack” - argumentos típicos de gente que esconde a cara com toucas
ninja e quebra lojas e caixas eletrônicos dizendo que quer mudar o
Brasil.
Quando alguém decide apoiar ou atacar o trabalho dos
juízes brasileiros, não percebe que é movido por uma sensação própria,
inerente à condição humana, e incapaz de ser compartilhada – o desejo de
justiça. Ninguém precisa ser médico para sentir-se doente e buscar
ajuda, não precisa ser professor para identificar ignorância em si mesmo
e lutar por educação, e muito menos juiz para saber que está sendo
injustiçado em qualquer circunstância da vida social. Decorre dai, que
esse sofrimento subjetivo, essa sensação odiosa e contínua produzida na
circunstância de um direito lesado é algo inerente a vida em sociedade
nas situações de crise e desordem institucional. Lembremos ainda que não
são mais do que homens e mulheres os juízes e juízas que hoje atuam no
Brasil Petista e que, se “não seu deuses” como disse a agente de
trânsito carioca, também não são “demônios” que estão contra a
população.
Perceba-se, naquilo que acima foi escrito, que existe –
assim como ocorre no caso dos médicos – uma necessidade contínua do
Partido Religião de referir-se à magistratura brasileira como um
segmento especial..como um grupo de pessoas que não fazem parte daquilo
que o PT insiste em chamar de “sociedade civil como um todo” e onde só
se entra sob a benção de alguma minoria, ONG ou movimento social
fantoche do PT.
Coloco-me agora, portanto, no lugar dos
verdadeiros juízes e juízas do Brasil – principalmente os de primeiro
grau – para aqui deixar explícita minha solidariedade com aqueles que
sofrem o calvário de tentar aplicar justiça num país dominado por um
partido revolucionário e me identifico, simplesmente como cidadão, com o
seu sofrimento. Imagino eu o tormento, que não depende de salário ou
auxílio moradia, o constrangimento, que não depende de férias e
estabilidade na carreira, de lidar-se com operadores da justiça –
advogados de ONGS e promotores a soldo do PT – num país governado por
gente que acredita que a “Constituição precisa ser Permanentemente
Discutida” e as decisões do Poder Judiciário “debatidas com a sociedade
como um todo”. Declaro entender perfeitamente não haver salário que
pague esse tipo de estupidez nem a afronta contra anos de estudo,
concurso público, e uma vida dedicada com zelo à carreira que os
senhores seguiram. Vejo, acima de tudo, o risco que corre em primeiro
lugar o cidadão comum que crê piamente na independência dos senhores e
na correta aplicação de uma Lei que não foi escrita jamais para servir
interesses delirantes de quem quer uma constituição, uma moeda e um
código penal únicos para toda América Latina.
Senhoras e senhores
juízes brasileiros, certa vez eu li que uma injustiça que se comete
contra um cidadão é uma ameaça que se faz a todos os outros mas, vejo
hoje, no fanatismo do Brasil Petista, que uma ameaça que se faz a um
juiz é uma injustiça contra toda sociedade. Os verdadeiros juízes do
país juntaram-se aos médicos, policiais, professores e militares na
crescente classe de “novos demônios” que somados à “imprensa golpista”, o
Partido Religião, cada vez mais histérico, insiste em jogar contra o
resto da sociedade. Que Deus ajude a todos nós – ele é o único Juiz que o
PT não pode mandar matar.
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