Leia estes artigos, envie para seus amigos, divulgue ao máximo, pois estas informações você não vai encontrar na mídia brasileira, nem nas universidades dominadas pelas forças das trevas, tampouco na maioria livros publicados e distribuídos no Brasil. É hora de conhecer a verdade por trás do PT e outros partidos de esquerda: o Foro de São Paulo.
A maior trama criminosa de todos os tempos
Olavo de Carvalho
Digesto Econômico, setembro/outubro/nov/dez de 2007
Digesto Econômico, setembro/outubro/nov/dez de 2007
O pioneiro inconteste na investigação do fenômeno
"Foro de São Paulo" foi o advogado paulista José
Carlos Graça Wagner, homem de inteligência privilegiada,
que muito me honrou com a sua amizade. Ele já falava do assunto,
com aguda compreensão da sua importância histórica
e estratégica, por volta de 1995, quando o conheci. Em 1999, a
documentação que ele vinha coletando sobre a origem e as
ações da entidade lotava um cômodo inteiro da sua
casa, e uma prova da criteriosidade intelectual do pesquisador foi que
só a partir de então ele se sentiu em condições
de começar a escrever um livro a respeito. Na ocasião, ele
me chamou para ajudá-lo no empreendimento, mas eu estava de partida
para a Romênia e, com muita tristeza, declinei do convite.
Maior ainda foi a tristeza que experimentei anos depois, quando, ao retomar
o contato com o Dr. Wagner, soube que o projeto tinha sido interrompido
por uma onda súbita e irrefreável de revezes financeiros
e batalhas judiciais, que terminaram por arruinar a saúde do meu
amigo e de sua esposa, ambos já idosos. Não sai da minha
cabeça a suspeita de que a perigosa investigação
em que ele se metera teve algo a ver com a repentina liquidação
de uma carreira profissional até então marcada pelo sucesso
e pela prosperidade.
Ele tinha negócios nos EUA e era também lá, nas
bibliotecas e arquivos de Miami e de Washington D.C., que ele coligia
a maior parte do material sobre o Foro. Nos últimos anos, a pesquisa
havia tomado um rumo peculiar. O Dr. Wagner esperava encontrar provas
de uma ligação íntima entre o Foro de São
Paulo e uma prestigiosa entidade da esquerda chique americana, o "Diálogo
Interamericano". Não sei se essa prova específica existe
ou não, nem se ela é realmente necessária para demonstrar
algo que metade da América já conhece por outros e abundantes
sinais, isto é, que os líderes mais barulhentos do Partido
Democrata são notórios protetores de movimentos revolucionários
e terroristas (de modo que o Foro, se acrescentado à lista, não
modificaria em grande coisa as biografias desses personagens vampirescos).
O que sei é que o começo da ruína pessoal do meu
amigo data aproximadamente de uma entrevista que ele deu ao Diário
Las Américas, importante publicação de língua
espanhola em Miami, na qual falava do Foro de São Paulo e de suas
relações perigosas com o "Diálogo". Mas
isto já seria matéria para outra investigação,
e longe de mim a intenção de explicar obscurum per obscurius.
Mesmo sem poder prometer a solução para esse aspecto particularmente
enigmático do problema, uma coisa posso garantir: os arquivos do
Dr. Wagner, recentemente postos à disposição da equipe
de pesquisadores do Mídia Sem Máscara e da Associação
Comercial de São Paulo, pela generosidade de José Roberto
Valente Wagner, permitem retomar a investigação com a esperança
de que antes de um ano teremos pelo menos a história interna do
Foro de São Paulo reconstituída praticamente mês a
mês. Então será possível colocar em bases mais
sólidas a questão do "Diálogo", mas antes
disso será preciso resolver outro enigma, bem mais urgente e bem
mais próximo de nós.
Vou formular esse enigma mediante o contraste entre duas ordens de fatos:
Primeira: O Foro de São Paulo é a mais
vasta organização política que já existiu
na América Latina e, sem dúvida, uma das maiores do mundo.
Dele participam todos os governantes esquerdistas do continente. Mas não
é uma organização de esquerda como outra qualquer.
Ele reúne mais de uma centena de partidos legais e várias
organizações criminosas ligadas ao narcotráfico e
à indústria dos seqüestros, como as FARC e o MIR chileno,
todas empenhadas numa articulação estratégica comum
e na busca de vantagens mútuas. Nunca se viu, no mundo, em escala
tão gigantesca, uma convivência tão íntima,
tão persistente, tão organizada e tão duradoura entre
a política e o crime.
Segunda: Durante dezesseis anos, todos os jornais, canais
de TV e estações de rádio deste País –
todos, sem exceção, inclusive aqueles que mais se gabavam
de primar pelo jornalismo investigativo e pelas denúncias corajosas
– se recusaram obstinadamente a noticiar a existência e as
atividades dessa organização, malgrado as sucessivas advertências
que lhes lancei a respeito, em todos os tons possíveis e imagináveis.
Do aviso solícito à provocação insultuosa,
das súplicas humildes às argumentações lógicas
mais persuasivas, tudo foi inútil. Quando não me respondiam
com o silêncio desdenhoso, faziam-no com desconversas levianas,
com objeções céticas inteiramente apriorísticas,
que dispensavam qualquer exame do assunto, com observações
sapientíssimas sobre o meu estado de saúde mental ou com
a zombaria mais estúpida e pueril que se pode imaginar. Reagindo
a essa pertinaz negação dos fatos, fiz publicar no jornal
eletrônico Mídia Sem Máscara as atas quase completas
das assembléias e grupos de trabalho do Foro de São Paulo.
A volumosa prova documental mostrou-se incapaz de demover os negacionistas.
Eles pareciam hipnotizados, estupidificados, mentalmente paralisados diante
de uma hipótese mais temível do que seus cérebros
poderiam suportar na ocasião.
O Foro de São Paulo reúne mais de uma centena de partidos
legais e várias organizações criminosas ligadas ao
narcotráfico e à indústria dos seqüestros, como
as FARC e o MIR chileno.
A publicação das atas teve porém duas conseqüências
importantes. De um lado, o site oficial do Foro, www.forosaopaulo.org,
foi retirado do ar às pressas, para só voltar meses depois,
em versão bastante expurgada. De outro lado, entre os jornalistas
e analistas políticos, a afetação de desprezo pelo
asunto cedeu lugar à negação ostensiva, pública,
da existência mesma do Foro de São Paulo. Dois personagens
destacaram-se especialmente nesse servicinho sujo: o inglês Kenneth
Maxwell e o brasileiro Luiz Felipe de Alencastro. Para anunciar ao mundo
a completa inexistência da entidade que eu denunciava, ambos –
por ironia, historiadores de profissão – usaram como tribuna
ou megafone o pódio do CFR, Council on Foreign Relations, o mais
poderoso think tank americano, dando assim à ignorância dolosa
(ou à mentira grotesca) o aval de uma autoridade considerável.
Quem ainda tenha ilusões quanto à confiabilidade intelectual
da profissão acadêmica, mesmo exercida nos chamados "grandes
centros" (Alencastro é professor na Universidade de Paris,
e Maxwell é o consultor supremo do próprio CFR em assuntos
brasileiros), pode se curar dessa doença mediante a simples notificação
desses fatos.
Mas aí a hipótese da mera ignorância organizada começa
a ceder lugar à suspeita de uma trama consciente bem maior do que
a nossa paranóia poderia imaginar. Membros importantes do CFR tiveram
contatos próximos com as organizações criminosas
participantes do Foro de São Paulo, cuja existência, portanto,
não poderiam ignorar (leia-se a respeito o meu artigo "Por
trás da subversão", Diário do Comércio,
dia 05 de junho de 2006, http://www.olavodecarvalho.org/semana/060605dc.html).
Em suma, o Brasil parecia estar preso entre as malhas de uma articulação
criminosa, que envolvia, ao mesmo tempo, a totalidade dos partidos de
esquerda latino-americanos, o grosso da classe jornalística nacional,
as principais gangues de narcotraficantes do continente e, por fim, uma
parcela nada desprezível da elite política e financeira
norte americana.
A gravidade desses fatos mede-se pela amplitude e persistência
da sua ocultação. Crescendo em segredo, o Foro de São
Paulo tornou-se o motor principal das transformações históricas
no continente, ao mesmo tempo que a ignorância geral a respeito
fazia com que os debates públicos – e portanto a totalidade
da vida cultural – se afastasse cada vez mais da realidade e se
transformasse numa engenharia da alienação, favorecendo
ainda mais o crescimento de um esquema de poder que se alimentava gostosamente
da sua própria invisibilidade. A queda vertiginosa do nível
de consciência pública nessas condições, era
não só previsível como inevitável. As opiniões
circulantes tornaram-se uma dança grotesca de irrelevâncias,
desconversas e erros maciços, ao mesmo tempo em que a violência
e a corrupção cresciam ante os olhos atônicos do público
e dos formadores de opinião, cada um apegando-se às explicações
mais desencontradas, extemporâneas e impotentes. Muitas décadas
hão de passar antes que a devastação psicológica
resultante desse quadro possa ser revertida. O fabuloso concurso de crimes
que a determinou não tem paralelo na história universal.
Um dos aspectos mais grotescos da situação é a facilidade
com que os culpados se desvencilham de qualquer tentativa de denúncia,
qualificando-a de "teoria da conspiração". Mas
quem falou em conspiração? O que vemos é uma gigantesca
movimentação de recursos, de poderes, de organizações,
de correntes históricas, que para permanecer imune à curiosidade
popular não precisa se esconder em porões, mas apenas apostar
na incapacidade pública de apreender a sua complexidade inabarcável
e de acreditar na existência de tanta malícia organizada.
O Foro é uma entidade sui generis, sem correspondência em
qualquer época ou país. Longo tempo depois de extinto, como
espero venha a sê-lo um dia, ele ainda constituirá um enigma
e um desafio ao tirocínio dos historiadores. Para nós, ele
é mais do que isso. É o inimigo "onipresente e invisível"
sonhado por Antonio Gramsci.
Por trás da subversão
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 5 de junho de 2006
Diário do Comércio, 5 de junho de 2006
No começo de 2001, o Council on Foreign Relations (CFR), bilionário think tank
de onde já emergiram tantos presidentes e secretários de Estado que
há quem o considere uma espécie de metagoverno dos EUA, criou uma
“força-tarefa”, transbordante de Ph.-Ds, presidida pelo historiador
Kenneth Maxwell e encarregada de sugerir modificações na política de
Washington para com o Brasil. A primeira lista de sábios conselhos,
publicada logo em 12 de fevereiro, enfatizava “a urgência de trabalhar
com o Brasil no combate à praga das drogas e à sua influência
corruptora sobre os governos”.
Naquele momento, destruídos os antigos
cartéis, emergiam como dominadoras do mercado de drogas na América
Latina as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, deliberadamente
poupadas pelo Plano Colômbia do governo Clinton sob o pretexto de que o
combate ao narcotráfico deveria ser apolítico. As Farc, uma
organização comunista, haviam entrado no mercado das drogas para
financiar suas operações terroristas e a tomada do poder. Desde 1990
faziam parte do Foro de São Paulo, onde articulavam suas ações com a
estratégia geral da esquerda latino-americana, garantindo apoios
políticos que a tornavam virtualmente imunes a perseguições em vários
países onde operavam. No Brasil, por exemplo, a despeito das centenas
de toneladas de cocaína que por meio do seu sócio Fernandinho
Beira-Mar elas despejavam anualmente no mercado, e apesar dos tiros
que de vez em quando trocavam com o Exército na floresta amazônica, as
Farc eram bem tratadas: seus líderes circulavam livremente pelas ruas
sob a proteção das autoridades federais e eram recebidos como hóspedes
oficiais pelo governo petista do Estado do Rio Grande. Nunca,
portanto, as relações entre narcotráfico e política tinham sido mais
íntimas. Arriscavam tornar-se ainda mais intensas porque Luís Inácio
Lula da Silva, fundador do Foro e portanto orquestrador maior da
estratégia comum entre partidos legais de esquerda e organizações
criminosas, parecia destinado a ser o próximo presidente do Brasil.
A integração crescente de narcotráfico e
política tornava portanto urgente combater “a praga das drogas e sua
influência sobre os governos”. E a única maneira de fazer isso era,
evidentemente, desmantelar o Foro de São Paulo. Vista nessa
perspectiva, a sugestão da “força-tarefa” parecia mesmo oportuna. Mas
só a interpreta assim quem não entende as sutilezas do metagoverno. O
sentido literal da frase expressava, de fato, o oposto simétrico do que o
CFR pretendia.
Desde logo, o Foro de São Paulo, para
continuar se imiscuindo impunemente na política interna de várias
nações latino-americanas, necessitava manter sua condição de entidade
discreta ou semi-secreta, e o próprio chefe da força-tarefa o ajudava
nisso. Em artigo publicado na New York Review of Books – e, é claro, reproduzido na Folha
--, Maxwell declarava que o Foro simplesmente não existia, porque
“nem os mais bem informados especialistas com quem conversei no Brasil
jamais ouviram falar dele”.
Para um historiador profissional, confiar-se
à opinião de terceiros em vez de averiguar as fontes primárias, então
fartamente disponíveis no próprio site do Foro, era uma
escandalosa prova de inépcia. Na época, o sr. Maxwell pertencia
(pertence ainda) ao círculo de iluminados que costumava (costuma
ainda) ser ouvido com o máximo respeito pela mídia brasileira,
especialmente pela Folha de S. Paulo. Isso parecia dar uma
prova incontestável de que ele era de fato um jumento, tendo agido de
maneira tão extravagante em pura obediência à sua natureza animal. Mas
agora noto que isso não explicava tudo. Logo depois, outro
intelectual de grande reputação nos círculos asininos, Luiz Felipe de
Alencastro, professor de História do Brasil na Sorbonne e colunista da
Veja, brilhava num debate do CFR emprestando à tese
da inexistência do Foro de São Paulo o aval da sua formidável autoridade
e ainda acrescentava ter sido eu o criador da lendária organização...
Dar sumiço na coordenação continental do movimento comunista
latino-americano parecia ter-se tornado um hábito consagrado no CFR.
Isso poderia ser apenas um inocente
acúmulo de erros de interpretação se a entidade não tivesse cultivado
simultaneamente um outro hábito: o das boas relações com as Farc. Em
1999, o presidente da Bolsa de Valores de Nova York, Richard Grasso,
membro do CFR, fez uma visita de cortesia ao comandante das Farc, Raul
Reyes, e saiu dali festejando a comunidade de interesses entre a
quadrilha colombiana e a elite financeira “progressista” dos EUA. Logo
em seguida, outros dois membros do CFR, James
Kimsey, presidente emérito da America Online, e Joseph Robert, chefe
do conglomerado imobiliário J. E. Robert, tinham um animado encontro
com o próprio fundador das Farc, o velho Manuel Marulanda, e em seguida
iam ao presidente colombiano Pastrana para tentar convencê-lo, com
sucesso, a ficar de bem com a narcoguerrilha.
A divisão de trabalho era nítida: os
potentados do CFR negociavam com a pricipal força de sustentação
militar e financeira do Foro de São Paulo, enquanto seus office-boys
intelectuais cuidavam de despistar a operação proclamando que o Foro
nem sequer existia. O CFR alardeava a intenção de eliminar a
influência do narcotráfico nos governos ao mesmo tempo que contribuía
ativamente para que essa influência se tornasse mais vasta e fecunda
do que nunca.
Ao CFR pertencia também o presidente Clinton, cujo famigerado
Plano Colômbia tinha tido por principal resultado eliminar os
concorrentes e entregar às Farc o quase monopólio do mercado de drogas
na América Latina. Em 2002, a política latino-americana dos
grão-senhores globalistas sofria um upgrade: ao esforço de
embelezar as Farc somava-se agora o empenho de fazer do presidente do
Foro de São Paulo o presidente do Brasil. Poucos dias antes da eleição
de 2002, a embaixadora americana Donna Hrinak, que não sei se
pertence pessoalmente ao CFR mas está entre os fundadores de uma
entidade estreitamente associada a ele, o Diálogo Interamericano, fazia
propaganda descarada do candidato petista, proclamando-o “uma
encarnação do sonho americano”. Embora fosse uma interferência ilegal e
indecente de autoridade estrangeira numa eleição nacional -- só não
causando escândalo porque até a prepotência imperialista se torna
amável quando trabalha para o lado politicamente correto --, e embora a
fórmula verbal escolhida para realizá-la fosse uma absurdidade sem
par (pois não consta que muitos americanos tivessem como suprema
ambição parar de trabalhar aos 24 anos para fazer carreira num partido
comunista), a expressão fez tanto sucesso que, logo em seguida, foi
repetida ipsis litteris, sem citação de fonte, num artigo da New York Review of Books que celebrava entusiasticamente a vitória de Lula. Adivinhem quem assinava o artigo? O indefectível Kenneth Maxwell.
Diante desses fatos, alguém ainda hesitará
em perceber que as ligações entre o esquerdismo pó-de-arroz do CFR e o
esquerdismo sangue-e-fezes dos Marulandas e Reyes são mais íntimas do
que caberia na imagem estereotipada de uma hostilidade essencial e
irredutível entre capitalistas reacionários e comunistas
revolucionários? O sentido dos acontecimentos é transparente demais,
mas o cérebro das nossas elites ainda é capaz de projetar sobre eles a
sua própria obscuridade para esquivar-se de tirar as conclusões que
eles impõem.
É claro que não endosso a idéia de que o
CFR, como instituição, seja uma central conspiratória pró-comunista.
Muitos de seus membros são patriotas americanos que jamais endossariam
conscientemente uma política prejudicial ao seu país. Mas não dá para
esconder que, ali dentro, um grupo de bilionários reformadores do
mundo, incalculavelmente poderosos, tem induzido a entidade a
influenciar o governo de Washington, quase sempre com sucesso, no
sentido mais esquerdista e anti-americano que se pode imaginar. Nos
EUA isso é um fato de conhecimento geral. Ninguém o coloca em dúvida. Só
o que se discute é a “teoria da conspiração” usada para explicá-lo.
Essa teoria tem entre seus defensores alguns intelectuais de primeira
ordem como Carroll Quigley, professor de História em Harvard e mentor
de Bill Clinton, ou o economista Anthony Sutton, autor do clássico Western Technology and Soviet Economic Development
(4 vols.). Contribui ainda mais para a credibilidade da tese o fato
de que o primeiro é um adepto entusiasta e o segundo um crítico
devastador da elite globalista. E o que a torna ainda mais atraente é o
fato de que o CFR, reconhecendo a sua existência ao ponto de lhe
oferecer um desmentido explícito no seu site oficial, se esquive de
debater com esses dois pesos-pesados e com dezenas de outros
estudiosos sérios que escreveram a respeito, e prefira em vez disso
ostentar uma vitória fácil e postiça num confronto com as versões
popularescas e caricaturais da tese conspirativa, inventadas por tipos
como Lyndon LaRouche e o pastor Pat Robertson. Este é um bom sujeito
que jamais mentiria de caso pensado, mas é um boquirroto, campeão
continental de gafes eclesiásticas. Discutir com ele é a coisa mais
fácil, porque ele sempre vai acabar dizendo alguma inconveniência e
pondo sua opinião a perder, mesmo quando está com a razão. LaRouche,
que chegou a ser pré-candidato presidencial pelo Partido Democrata, é
ele próprio um conspirador que só enxerga as conspirações dos outros
pelo prisma deformante dos seus objetivos e interesses próprios. Tomar
esses dois como porta-vozes representativos das acusações de
conspiração contra o CFR é o mesmo que derrubar o dr. Emir Sader e
sair cantando vitória sobre Karl Marx. Que o CFR use desse expediente
esquivo para se safar das denúncias é um sério indício de que elas têm
pelo menos algum fundo de verdade.
Para vocês avaliarem o quanto a nossa elite
econômica, política e militar está alienada e por fora do mundo, basta
notar que sua principal fonte de informação sobre o CFR, o Diálogo
Interamericano e outros organismos globalistas tem sido justamente o
sr. Lyndon LaRouche, cuja Executive Intelligence Review é lida pelos luminares da Escola Superior de Guerra como se fosse o exemplar mais puro de inside information (ele
está tão bem informado que chegou a me classificar – logo a mim,
porca miséria – como apóstolo do globalismo, pelo fato de eu escrever
então num jornal chamado O Globo). As outras fontes conhecidas
no país são todas de esquerda, e o que elas têm em comum com o boletim
do sr. LaRouche é que distorcem monstruosamente os fatos ao
apresentar os círculos globalistas como representantes do bom e velho
“imperialismo americano” em luta desigual contra as soberanias
nacionais dos países pobrezinhos. Não sei se rio ou se choro ao ver
quantos brasileiros, que de esquerdistas não têm nada, levam essa versão
a sério e baseiam nela suas análises estratégicas e propostas de
governo. É ridículo e trágico ao mesmo tempo. Com tantas fontes
primárias e diagnósticos de alto nível à disposição, por que comer
lixo e arrotar o cardápio do Tour d’Argent? Do lamaçal cultural subdesenvolvido só brotam flores de ignorância e auto-engano.
O site www.vermelho.org,
por exemplo, apresenta o Diálogo Interamericano como repleto de
“personalidades da direita mais conservadora”, e estas como
“representantes do Establishment americano”. Nos EUA, até crianças de escola sabem que
Establishment quer dizer “esquerda chique”, que não há
nem pode haver ali dentro “personalidades da direita mais
conservadora”, e que, se alguma soberania nacional é posta em risco
pelo Establishment, é a dos EUA em primeiríssimo lugar. A
longa e feroz polêmica movida pelos conservadores e nacionalistas
contra o CFR, o Diálogo Interamericano e os círculos globalistas em
geral é completamente desconhecida pelos tagarelas da ESG e pelo “bando
de generais” que acredita nas fontes esquerdistas e no sr. LaRouche.
Nessa multidão de caipiras crédulos há inúmeros patriotas sinceros.
Mas a destruição de um país começa quando seus patriotas se idiotizam,
deixando aos traidores, conspiradores e revolucionários o monopólio
da esperteza.
A história da manipulação dos patriotas
brasileiros por espertalhões de esquerda é em si mesma uma
tragicomédia. Desde há décadas, a liderança esquerdista vem submetendo
essa gente a um tratamento pavloviano, na base de
um-choque-um-queijo, que se demonstrou eficaz ao ponto de muitos
oficiais de alta patente, ideologicamente anticomunistas, acharem hoje
que é uma lindeza sumamente honrosa transformar os nossos soldados em
cavouqueiros e tratoristas a serviço do MST. Como é que se leva um
cérebro humano a mergulhar nesse abismo de estupidez? É simples: basta
criar uma equipe selecionada entre esquerdistas bem falantes e
dividi-la em duas alas, encarregadas de tarefas opostas -- uma
infiltrada na mídia, incumbida de espalhar mentiras escabrosas,
fomentando o ódio anti-militar; outra, bem colocada nos próprios
círculos militares e na ESG, encarregada de afagar o ego das Forças
Armadas e induzi-las à conciliação e à colaboração com a estratégia
comunista continental por força do seu próprio patriotismo, facilmente
convertido em anti-americanismo por meio de um fluxo habilmente
planejado de informações falsas (entre as quais é claro, as fornecidas
pelo sr. LaRouche). Na primeira equipe, destacam-se Caco Barcelos,
Cecília Coimbra e Luiz Eduardo Greenhalgh. Na segunda, Márcio Moreira
Alves, Mário Augusto Jacobskind e Cesar Benjamin. A duplicidade de
tratamento deixa a vítima desnorteada e acaba por subjugá-la. Entre
tapas e beijos, boa parte da nossa oficialidade se deixou facilmente
cair no engodo, mostrando ter mesmo QI de ratinho de laboratório. A
recente palestra do comandante do Exército
em Porto Alegre mostra até que ponto uma instituição
caluniada, marginalizada e espezinhada sente alívio e reconforto ante a
oferta humilhante de um lugarzinho no banquete de seus tradicionais
detratores.
Ardis semelhantes foram aplicados entre empresários e políticos, com igual eficácia.
É por isso que se tornou tão difícil
explicar aos brasileiros aquilo que, entre os conservadores
americanos, até os mais lerdos de inteligência como Pat Robertson
entendem perfeitamente bem: que a elite globalista é o inimigo número
um da soberania nacional americana e, por tabela, mas somente por
tabela, de todas as demais soberanias.
***
P. S. – Um amigo envia-me o seguinte
lembrete: “No dia 30 passado a polícia de São Paulo prendeu a peruana
Juliana Custódio, envolvida na morte de um bombeiro durante aqueles
dias. A TV Bandeirantes deu destaque para o caso. A Globo deu uma nota
e esqueceu o assunto. Acontece que ontem um juiz entrevistado pela
Band disse o seguinte: em dez anos estará formada no Brasil a maior
rede terrorista jamais vista nas Américas. Eu, particularmente, acho que
a ‘Coisa’ estará formada antes mas ela é inevitável. A peruana é
apontada como elo de ligação entre as FARC e o PCC.”
Enquanto isso, o sr. Lula continua
atribuindo a onda de violência em São Paulo à (aliás inexistente)
falta de vagas para as crianças nas escolas. É um cínico e um
cara-de-pau como jamais se viu.
Outros artigos no site: http://www.olavodecarvalho.org/textos.htm
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