A aparente incoerência está totalmente de acordo com a estratégia petista: acalmar os mercados e
ajustar a economia, enquanto se reorganiza politicamente.
ajustar a economia, enquanto se reorganiza politicamente.
“Já disse para meus companheiros que eles precisam ler uma das decisões de Lênin, depois da Revolução de 1917. Ele fez concessões a multinacionais sobre a exploração do petróleo de Baku, porque não tinha dinheiro para explorar (...) problema é o sentido político de tomar essas medidas. Você toma essas medidas no sentido de aprofundar o modelo ou no sentido de processualmente criar condições para outro modelo (...) faria muito bem a alguns críticos do PT a leitura de algumas decisões de quando houve rupturas e confrontos”.
A análise acima, de meados de 2003, no primeiro governo de Lula, foi feita para o jornal ‘Estado de São Paulo’ pelo mensaleiro condenado José Genoíno, na época presidente do PT.
Segundo
Genoíno, a política econômica “neoliberal” posta em prática logo após a
primeira vitória de Lula teria o mesmo sentido da Nova Política
Econômica de Vladimir Lênin: ganhar tempo para organizar a revolução
comunista, utilizando-se do dinheiro que jorraria na economia soviética
caso os capitalistas fossem acalmados e convencidos de que o novo regime
não os faria mal. Genoíno deixava claro que naquele momento, os
dirigentes petistas seguiam fielmente a máxima do líder dos
bolcheviques: “os capitalistas nos venderão a corda que os
enforcaremos”.
Cabe registrar que essa estratégia leninista foi posta em prática diversas vezes pela URSS durante os períodos da Guerra Fria conhecidos como “detente”, ou seja, durante períodos de aproximação diplomática com os EUA e seus aliados. Na coleção de engodos, encontra-se a política de Nikita Khrushchov de “destalinização” e a famosa Perestroika de Gorbachev. Os livros “New Lies for old” e “Perestroika deception”, do ex-agente da KGB e desertor Anatoliy Golitsyn, mostram com detalhes esse modus operandi para ludibriar o Ocidente.
Cabe registrar que essa estratégia leninista foi posta em prática diversas vezes pela URSS durante os períodos da Guerra Fria conhecidos como “detente”, ou seja, durante períodos de aproximação diplomática com os EUA e seus aliados. Na coleção de engodos, encontra-se a política de Nikita Khrushchov de “destalinização” e a famosa Perestroika de Gorbachev. Os livros “New Lies for old” e “Perestroika deception”, do ex-agente da KGB e desertor Anatoliy Golitsyn, mostram com detalhes esse modus operandi para ludibriar o Ocidente.
Tal
estratégia sempre funcionou. Desde o advento da Rússia comunista, o que
mais ocorreu na história foi a ajuda capitalista a países comunistas.
Esse panorama é descrito de forma brilhante no livro “The best enemy
money can buy” de Antony C. Sutton mostrando que nem sempre os interesses de grandes capitalistas são opostos aos interesses socialistas.
Atualmente,
a China mantém um sistema político fechado baseado no Partido único
comunista e uma “economia socialista de mercado” que recebe o maior
volume de investimentos estrangeiros diretos do mundo. A transição para
esse tipo de arranjo iniciou-se com Mao Tsé Tung e foi acelerado com
Deng Xiaoping, ganhando maturidade agora, 30 anos depois.
Desde
que os escritos de Gramsci fizeram a cabeça das esquerdas, a lógica
marxista foi invertida. Seria a superestrutura que determinaria a
estrutura e não o contrário, como era advogado por Karl Marx. Em resumo,
a política, a cultura e as instituições que moldam a economia e o “modo
de produção” e não o contrário.
Por
isso, os marxistas de hoje buscam antes destruir os valores do
capitalismo, entre eles, a ética cristã, para poder controlar o sistema
econômico, posteriormente.
Pois
bem. Aonde quero chegar? No cenário o qual está se apresentando após a
reeleição de Dilma. Menos de três dias após a vitória nas urnas, o Banco
Central brasileiro aplicou uma elevação de 0,25 pontos percentuais na
taxa de juros básica da economia, sinalizando um aperto monetário e uma
ortodoxia contra a inflação que tinha sido atacada durante toda a
campanha eleitoral petista.
O
PT acusava os adversários de fazer justamente o que promove agora:
arrocho e ajustes. Também já está sendo ventilado que, para o ano de
2015, haverá maior esforço da política fiscal – com cortes de gastos e
aumento de receita – além de “tarifaços” nas contas de luz e gasolina
para reequilibrar os setores.
A
aparente incoerência, no entanto, está totalmente de acordo com a
estratégia petista: acalmar os mercados e ajustar a economia, enquanto
se reorganiza politicamente.
Na
sessão parlamentar seguinte da vitória presidencial, o PT sofreu uma
enorme derrota na Câmara, que derrubou o chamado “Decreto bolivariano”, o
qual instituía “conselhos populares” nomeados pelo Executivo. A idéia
de plebiscitos e reforma política – duas obsessões petistas - também tem
sido rejeitada veementemente por congressistas.
A
sociedade está extremamente polarizada e os insatisfeitos ainda estão
mobilizados. Por outro lado, a vitória nas urnas veio acompanhada de uma
maior dependência da aliança com o PMDB, fundamental para que o partido
vencesse em Minas, no Rio e no próprio Nordeste. De certa forma, o PT
venceu, mas se enfraqueceu com o desgaste da guerra eleitoral.
Por
isso, na visão dos dirigentes vermelhos, é chegada a hora de aplicar o
velho receituário leninista na economia para dispersar os opositores e,
ao mesmo tempo, investir pesado na mudança do sistema político para
consolidarem o poder.
Só
espera-se que a oposição e a sociedade não caia mais uma vez no engodo –
não é a economia, estúpido! - e mantenha a pressão e vigilância contra
esse projeto de poder deletério.
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