Na véspera do dia em que se celebravam os 25 anos da queda do Muro de
Berlim, um grupo de cidadãos marchou pela Avenida Borges de Medeiros, em
Porto Alegre, rumo às obras do Memorial Luiz Carlos Prestes onde
realizaram breve protesto. Denunciavam um paradoxo. E bota paradoxo
nisso! Enquanto o mundo livre e civilizado rememora o fim do Muro, maior
evidência do fracasso do comunismo, em Porto Alegre ultimam-se as obras
de um Memorial que permanentemente exaltará tal regime através do
personagem que, com maior ênfase, simboliza a luta suja por sua
implantação no Brasil.
O Memorial é um projeto do arquiteto Oscar
Niemayer, o milionário mais festejado pelos marxistas-leninistas. Sua
construção e instalação foi proposta à cidade de Porto Alegre em 1998
pelo petista Raul Pont, então prefeito da Capital, em projeto que enviou
ao legislativo municipal, obtendo inimaginável aprovação pelo voto
majoritário dos edis.
As coisas teriam terminado por aí. O
prefeito teria atendido seus amigos da foice e do martelo e destinado o
terreno para o projeto. A Câmara teria feito mais uma de suas
tradicionais trapalhadas. O terreno viraria estacionamento ou depósito
de lixo. E assim foi, de fato, por muito tempo. Até quê? Até que a
Federação Gaúcha de Futebol, interessada em construir seu edifício-sede,
estendeu olhar cobiçoso para aquele privilegiadíssimo local.
Pintou negócio. De onde menos se poderia imaginar, apareceu dinheiro
para que se completasse a ofensa ao caráter democrático do povo de Porto
Alegre. Assim: a) o terreno seria dividido ao meio; b) a Federação
ficaria com uma das metades do que não lhe pertencia; e c) em
retribuição, entregaria à cidade, pronta e acabada, a fatídica obra.
"Não, muito obrigado!", diríamos, por certo, eu e o leitor destas
linhas. Afinal, não faltam obras mais urgentes e necessárias à nossa
população. Mas nossa Câmara, liderada pelo empenho dos vereadores da
bancada do futebol disse o contrário. E nos brindou com essa histórica
ridicularia.
Nem virando a cidade pelo avesso se congregariam em
Porto Alegre, felizmente, adeptos do comunismo em número suficiente para
reunir os meios necessários à construção do Memorial. No balcão das
negociações da FGF com a bancada do futebol, ele saiu de graça. Bem como
costumam ser as coisas comunistas - tudo, sempre, com o dinheiro dos
outros. Então, sob o egrégio patrocínio dos pagantes de ingresso para
jogos de futebol e dos cidadãos de Porto Alegre, o comunismo, varrido a
grito do Leste Europeu, ganhará um vexatório memorial em Porto Alegre.
Será nossa homenagem a um mau brasileiro, traidor de sua pátria, agente
soviético no Brasil, responsável direto e indireto pela morte de muitos
brasileiros.
Tais mortes deveriam estar elencadas no prontuário
de Prestes! Sua Coluna, tão famosa quanto inútil, foi um delírio do
líder que lhe deu o nome. Arregimentados morriam de doenças e de
fraqueza. Enquanto se deslocou pelos famosos 25 mil km, fugindo dos
combates contra as forças oficiais, deixou um rastro de torpezas e
destruição (1). Após sua conversão à foice e ao martelo, aliou-se ao
profissionalismo assassino do Partido Comunista da URSS e, nessa
condição associou-se aos autores de repetidos genocídios. Também caem na
sua conta os mortos da Intentona Comunista de 1935.
Lamentável,
também, foi o tom das matérias que divulgaram o gesto democrático,
cívico e ordeiro da pequena marcha pela avenida Borges de Medeiros até
as obras do Memorial no dia 8. Habitualmente, o esquerdismo descerebrado
que se alojou nas redações de certos veículos procura desqualificar
como fascista todo e qualquer repúdio ao comunismo. Foi o que, ora
explícita, ora veladamente, fizeram neste caso. Tais notas são redigidas
como se ser anticomunista fosse fascismo e não fosse uma imposição
moral incidente sobre todo cidadão que conheça História! Aliás, essa
mesma História ensina que, ao longo do século passado, os comunistas,
sem qualquer constrangimento, eliminaram dezenas de milhões de seus
próprios conterrâneos civis, sob idêntica alegação! Eram ditos fascistas
e destinados às fossas coletivas todos que se opunham à malignidade do
totalitarismo vermelho, que se auto condenou com o famigerado Muro, cujo
fim foi celebrado, no domingo passado, para irritação de certos
redatores.
(1) NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil . Editora Leya, 2009.
* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
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