O
deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB) ficou calado quando o
Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou uma Lista Negra de jornalistas
que “cometem o pecado” de criticar o governo Dilma.
Até
mesmo a ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras condenou a Lista
Negra do PT contra jornalistas e humoristas críticos ao governo. Mas
Carlos Bezerra – que adora citar Martin Luther King – ficou bem
quietinho.
Carlos
Bezerra também ficou em silêncio profundo quando meia dúzia de jovens
violentos depredou a sede da Editora Abril, em retaliação à reportagem
da revista Veja que apenas reproduziu trechos do depoimento do doleiro
Alberto Youssef, que ligam Dilma Rousseff ao esquema de corrupção na
Petrobrás.
Agora
o PT pretende instaurar no Brasil o “Controle Social da Mídia”, que
nada mais é que um nome sofisticado para a censura. O que o tucano
Carlos Bezerra disse a respeito desta ameaça à liberdade? Absolutamente
nada.
Carlos
Bezerra é incapaz de pronunciar uma sílaba crítica aos trogloditas no
poder e, mesmo assim, ocupa o papel de líder do governo Alckmin na
Assembleia Legislativa de São Paulo.
Eis
que agora, convocado pelo momento midiático favorável, Carlos Bezerra
decidiu expor um site que denunciou as preferências políticas dos
jornalistas que distorceram a cobertura dos atos contra Dilma em São
Paulo.
O
site Reaçonaria simplesmente demonstrou que os jornalistas Gustavo
Uribe (da Folha de S. Paulo) e Ricardo Chapola (do Estadão) compartilham
certos dogmas ideológicos de esquerda e, em suas reportagens, tendem a
distorcer a verdade em nome da ideologia. A cobertura que eles fizeram
dos atos contra Dilma é vergonhosa.
Ao
contrário dos petistas, ninguém pediu a cabeça dos jornalistas citados.
Ninguém fez lista negra. Foi apenas uma denúncia sobe a parcialidade de
ambos.
Carlos
Bezerra, que jamais se incomodou com a depredação da sede da Editora
Abril empreendida por militantes da União da Juventude Socialista (UJS),
decidiu agora solicitar que a Assembleia Legislativa de São Paulo
acione a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para identificar
os autores do Reaçonaria.
Mesmo
sendo membro do PSDB, ele nada disse quando Lula comparou tucanos a
nazistas. Nenhuma palavra de protesto. Mas agora ele garante que a
denúncia do Reaçonaria colocou em risco os jornalistas citados!
“Ao
incitar um clima de ódio contra a cobertura de imprensa e promover
assédio pessoal aos profissionais dela encarregados, o website apócrifo
atenta contra a liberdade de expressão, afetando não apenas as pessoas
assediadas e os jornais para os quais trabalham, mas também o direito
que toda a sociedade tem de ser informada”, afirmou Bezerra
É
estranho que Carlos Bezerra jamais tenha se posicionado em favor da
liberdade de imprensa quando veículos de comunicação críticos ao governo
sofreram ataques vergonhosos, tiveram suas sedes depredadas, seus nomes
citados em listas negras.
Em
postagem na sua página oficial, o covarde e mentiroso deputado tenta
justificar sua notável parcialidade com sua retórica de Poliana:
“Quando
se fomenta o ódio contra a imprensa e se utiliza o ataque pessoal como
arma, a primeira vítima é a liberdade de informação.”
Ora,
os militantes petistas passaram toda a campanha promovendo o ódio. Eu
mesmo fui vítima deste ódio quando meu perfil pessoal sofreu inúmeras
denúncias falsas que quase levarem o Facebook a me retirar da sua rede.
Também
foi divulgado pela imprensa a reação violenta de militantes petistas
nas universidades, que ameaçaram apedrejar carros com adesivos anti-PT.
Parece
que Carlos Bezerra não se preocupa com ameaças de violência do outro
lado, tampouco com manifestações de ódio de Lula e seus fantoches contra
aqueles que exercem o sagrado direito de fiscalizar e criticar o
governo.
Para ele, ódio é qualquer crítica ao PT. Depredação, ameaças e controle da mídia são manifestações de amor e civilidade.
Bezerra
chama o Reaçonaria de site “apócrifo”. E diz que seus autores se
escondem no anonimato. Mas os autores do site não são MAVS, os
patrulheiros virtuais do PT sobre os quais Bezerra, é claro, jamais
disse uma única palavra.
Esta é uma das respostas de um autor do Reaçonaria ao deputado:
“Sou
articulista do site Reaçonaria. Tenho nome, sobrenome, foto, blog,
twitter. Não escrevi o post sobre os jornalistas da Folha e do Estado.
Escrevi este outro, sobre a manifestação de 01/11 e, sim, sobre a
cobertura omissa e distorcida da imprensa [...]
O
site Reaçonaria reuniu informações PÚBLICAS, DIVULGADAS PELOS PRÓPRIOS
JORNALISTAS, sobre seu alinhamento ideológico e suas amizades com
petistas. Se Vossa Excelência vê aí um “ataque aos jornalistas”, é Vossa
Excelência quem não tem clareza do que é liberdade de imprensa.
A
Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, os Ministérios
Públicos e a Polícia Federal podem investigar quem quiserem, inclusive a
nós. Gostaria que investigassem o ataque à Veja. Gostaria que
investigassem os crimes eleitorais nos Correios. Gostaria que
investigassem as ligações do PT e do governo com o Foro de São Paulo.
Qual a opinião de Vossa Excelência sobre essas questões?
Atenciosamente,
Marcelo Centenaro”
Reforço
os pedidos de Marcelo Centenaro para que Carlos Bezerra se posicione
publicamente sobre os ataques contra a Editora Abril e, acrescento, o
pedido para que ele fale sobre a hostilidade do Partido dos
Trabalhadores contra a imprensa.
Carlos
Bezerra é pastor da Comunidade Caminho da Graça. Como evangélico, ele
não pode ter outro partido senão a verdade. Bezerra cita outro
evangélico, Luther King, para fundamentar sua campanha politicamente
correta contra a verdade:
“Martin
Luther King, uma grande inspiração para mim, disse “O que me preocupa
não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem
caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons.”
Espero
que Bezerra não se recolha ao o monólogo ideológico ou responda com
novas ameaças judiciais, como é típico de certas figuras do meio
evangélico.
Se
ele quer ser tão corajoso quanto Luther King, que comece por explicar
seu silêncio diante dos ataques à imprensa feitos por petistas e seus
aliados. Do contrário, corre o risco de ver em vida sua reputação
morrer, como advertia Shakespeare.
Thiago Cortês é graduado em sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP).
Há mais de dez anos trabalha como jornalista e, atualmente, presta serviços de consultoria política.
Há mais de dez anos trabalha como jornalista e, atualmente, presta serviços de consultoria política.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por comentar este tópico.