A mais perversa das elites é a elite estatal. Ela quer que você compre
um carro e diga: “Obrigado, governo. Como você é bondoso!”. Faça uma
faculdade e diga: “Obrigado, governo. Eu te devo essa!”. Suba na vida e
diga: “Obrigado, governo. Eu não seria nada sem você!”. Ela sequestra
seu pensamento e inverte a lógica da vida social, fazendo parecer que
você serve ao governo _ e não o contrário.
O protagonismo das
pessoas é substituído pelo protagonismo do aparato estatal. Embalada no
glamour da luta de classes, essa elite se apresenta como monopolista da
justiça. Como se o dinheiro dos impostos, que subsidiam absolutamente
todos os beneplácitos estatais, não viesse da própria sociedade. Como se
o Estado, ele mesmo, gerasse riqueza e desenvolvimento.
A
história é repleta de exemplos de elite estatal, à direita e à esquerda _
na América Latina, recentemente, esse último exemplo é mais vasto.
Mistura supremacia coronelista com populismo assistencialista. Discursa
para um lado e, com os seus, age para o outro. Enriquece nas barbas do
poder. E legitima tudo em nome de um fim supostamente elevado.
É uma elite que verbaliza amor aos pobres, desde que estejam a seu serviço. Que prega integração dos negros, desde que julguem conforme seus interesses, sem trair a “causa”. Que quer conciliação, desde que ganhe as eleições. Que defende liberdade de imprensa, desde que os critérios disso sejam definidos por seus conselhos.
É uma elite que verbaliza amor aos pobres, desde que estejam a seu serviço. Que prega integração dos negros, desde que julguem conforme seus interesses, sem trair a “causa”. Que quer conciliação, desde que ganhe as eleições. Que defende liberdade de imprensa, desde que os critérios disso sejam definidos por seus conselhos.
A elite estatal quer
fazer crer que ela é o próprio bem. Quer substituir-se à ética
universal. Quer que você se sinta em débito, creditando-a como um
instrumento de solidariedade. Quer posicionar-se como indispensável até
mesmo no ambiente privado. Se deixar, quer até mesmo dizer como você
deve educar seus filhos. Quer que você devolva algo que simplesmente é
seu, por direito natural e constitucional.
Não deixe que ninguém
roube seus méritos e seu protagonismo. Nenhum partido é dono do seu
destino. Nenhum. Quem faz acontecer são as pessoas, não o governo.
Libertar-se dessa culpa social é um passo importante para evoluir. É o
antídoto para evitar uma nação politicamente amorfa e culturalmente
refém.
* Jornalista
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por comentar este tópico.