por Percival Puggina
Circula na rede um pequeno vídeo de quatro minutos no qual Margaret
Thatcher, em sessão da Câmara dos Comuns, é contestada por um
parlamentar do Partido Trabalhista que acusa seu governo de haver
ampliado a distância entre os mais ricos e os mais pobres. Na resposta
que dá, a primeira-ministra faz jus ao ódio eterno que a esquerda lhe
dedica, dizendo que o partido de seu acusador prefere que os pobres
sejam mais pobres contanto que os ricos também empobreçam. Acertou na
"mosca". Empobrecer a todos é a marca registrada dos governos comunistas
e socialistas mundo afora, ao longo de todo o século 20 e, ainda hoje,
na Ibero-América do Foro de São Paulo.
Quem assiste a debates
entre candidatos e à propaganda eleitoral gratuita, percebe quanto está
impregnada em nossa elite política a ideia de um conflito natural entre
pequenos e grandes, quaisquer que sejam os elementos a comparar e a
régua que os meçam. Obviamente, adotado o marxismo como chave de leitura
da realidade social, política e econômica, sendo os pequenos mais
numerosos do que os grandes, é eleitoralmente preferível entrar em
guerra contra os segundos. Mas a ideia toda é uma loucura, um delírio
politiqueiro porque existe, na Economia do mundo real, uma
interdependência entre os corpos produtivos que a compõem. Pequenos,
médios e grandes precisam uns dos outros e o colapso de qualquer
conjunto afeta funestamente os demais.
Por outro lado, o sucesso
dos pequenos pressupõe a determinação de crescer. O pequeno empreendedor
que abdique da expansão de seus negócios está fadado ao roteiro no
sentido inverso. O preconceito marxista da malignidade dos grandes põe
uma pedra no caminho do progresso da sociedade como um todo. Perceber
que esse preconceito está internalizado em parcela significativa da
elite política do Rio Grande, projeta sombras em nosso futuro.
Não admira que o Estado perca posições no contexto da Federação,
decaindo, inclusive, em indicadores que outrora ponteou, como, por
exemplo, na Educação. Também nesta se percebem os efeitos do apagão da
inteligência. Criminaliza-se o mérito! Celebra-se a mediocridade! A
"Pedagogia do Oprimido" pode ser um sucesso de público dentro do
magistério, mas é um visível fracasso onde aplicada. Ela internaliza a
opressão e, como um dínamo, converte as energias que poderiam produzir
desenvolvimento individual e social em mera inconformidade ou, como
pretendia seu criador, em revolta e militância política. É
inacreditável: enquanto o povo clama por incentivos a novos
empreendimentos e postos de trabalho, parcela tão importante da elite
política ainda não entrou sequer no século 20.
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