A esta altura dos acontecimentos, diante das devastadoras evidências
que se tornaram de conhecimento público, talvez nem o mais fanático dos
petistas tenha dúvida de que a bandalheira rolou solta na Petrobrás. São
evidências tão robustas que é inútil tentar negá-las. Por essa razão,
nem Dilma Rousseff nem o PT se atrevem a fazê-lo. Mas procuram minimizar
os efeitos eleitorais do escândalo apelando para jogo de cena,
deliberada confusão de informações e outras manobras diversionistas. Não
contestam as acusações, mas o fato de terem sido divulgadas. E por esse
crime de que se dizem vítimas, culpam a Justiça.
À frente de um grupo de deputados petistas que chegaram pisando duro, o presidente do partido, Rui Falcão, protocolou na Procuradoria-Geral da República e no Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de acesso à integra da delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Argumentam que conhecer o inteiro teor dessas declarações é indispensável para que o partido possa "fazer o exercício mínimo do contraditório".
Mero pretexto, já que o verdadeiro objetivo da iniciativa é desviar a atenção do escândalo, fazendo pesadas acusações contra o juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara da Justiça Federal do Paraná, responsável pela condução dos processos decorrentes da Operação Lava Jato. Sem citar o magistrado, o PT denuncia como violação da lei o fato de aquele juiz ter permitido, com motivação política, em pleno processo eleitoral, o vazamento de depoimentos sigilosos.
À frente de um grupo de deputados petistas que chegaram pisando duro, o presidente do partido, Rui Falcão, protocolou na Procuradoria-Geral da República e no Supremo Tribunal Federal (STF) pedidos de acesso à integra da delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Argumentam que conhecer o inteiro teor dessas declarações é indispensável para que o partido possa "fazer o exercício mínimo do contraditório".
Mero pretexto, já que o verdadeiro objetivo da iniciativa é desviar a atenção do escândalo, fazendo pesadas acusações contra o juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara da Justiça Federal do Paraná, responsável pela condução dos processos decorrentes da Operação Lava Jato. Sem citar o magistrado, o PT denuncia como violação da lei o fato de aquele juiz ter permitido, com motivação política, em pleno processo eleitoral, o vazamento de depoimentos sigilosos.
"Esta divulgação", afirmam os petistas, "é uma forma transversa de
violar o sigilo da colaboração premiada" e significa "divulgação
irresponsável de declarações graves e levianas desacompanhadas até agora
de qualquer prova". Com isso, o argumento do PT escamoteia o fato de
que Paulo Roberto Costa já obteve o benefício do abrandamento da pena, o
que indica que cumpriu o acordo de apresentar provas de suas acusações.
Mas o que, de fato, importa é que as acusações contra Moro não têm o
menor fundamento. Uma coisa são as dez ações penais resultantes da Lava
Jato que correm na 13.ª Vara da Justiça Federal do Paraná. São processos
públicos a que qualquer pessoa pode ter acesso, inclusive às
audiências. Outra coisa são os depoimentos prestados por Paulo Roberto
Costa no processo decorrente de acordo de delação premiada, que se
desenvolve em segredo de Justiça, sob supervisão do STF.
Daí que classificar de vazamento a divulgação legítima dos
depoimentos e atribuir dolo ao comportamento do juiz Sérgio Moro só pode
ser produto de má-fé.
Moro é conhecido e respeitado pelo rigor com que trabalha e que
demonstrou ao assessorar a ministra Rosa Webber no julgamento do
mensalão. As acusações de que foi alvo por parte dos petistas foram
veementemente repudiadas, em nota oficial conjunta, pela Associação dos
Juízes Federais (Ajufe) e pela Associação Paranaense dos Juízes
Federais.
A atitude do PT, decidida em articulação com o comando da campanha
reeleitoral de Dilma, da qual Rui Falcão é o coordenador-geral, é a
repetição do mesmo desrespeito ao Poder Judiciário que o partido
demonstrou quando assacou aleivosias contra outro magistrado, o ministro
e depois presidente do STF Joaquim Barbosa, durante e após o julgamento
do mensalão. É como o lulopetismo, que se considera dono do Estado,
trata a Justiça e seus agentes sempre que sente seus próprios interesses
contrariados.
Esse lamentável episódio demonstra também muito claramente o que é a
"guerra sem trégua" à corrupção na qual a presidente Dilma Rousseff e o
PT se declaram empenhados. Em todas as suas manifestações públicas nas
últimas semanas, a candidata em campanha não deixou passar nenhuma
oportunidade para se declarar "a pessoa mais empenhada do País na
rigorosa punição de corruptos e corruptores".
A medida da seriedade com que os donos do poder tratam as denúncias
de corrupção na Petrobrás está expressa na debochada manifestação de
Lula, dias atrás, quando confrontado com o assunto: "Estou com o saco
cheio disso".
Editorial de O ESTADO DE S.PAULO - 16/10/14
Editorial de O ESTADO DE S.PAULO - 16/10/14
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