O boletim do DataNunes constata: com 55% dos votos válidos, Aécio Neves está 10 pontos à frente de Dilma Rousseff
As pesquisas do Datafolha e do Ibope, que acabam de sair do forno,
garantem que nada de relevante — rigorosamente nada — aconteceu desde
quinta-feira passada, quando cada um dos institutos serviu a primeira
sopa de algarismos produzida pelo segundo turno da eleição presidencial.
Passados seis dias, Aécio Neves continua com os mesmos 51% dos votos
válidos, Dilma Rousseff segue estacionada nos mesmos 49%. Como a margem
de erro é de 2%, os alquimistas do Ibope e do Datafolha comunicaram que
“a situação é de empate técnico”.
Conversa de 171, comprovou o DataNunes, único instituto que, em vez
de pesquisas, faz constatações com margem de erro abaixo de zero e
índice de confiança acima de 100%). O boletim distribuído neste 15 de
outubro condensou em nove tópicos as razões das significativas mudanças
registradas tanto na direção e força dos ventos quanto na temperatura
política:
1. No segundo turno, Dilma Rousseff teve de conformar-se com o apoio
individual de Luciana Genro, candidata à presidência pelo PSOL (e última
colocada em todos os concursos promovidos nos anos 70 para a escolha do
Bebê Simpatia de Porto Alegre). Já na largada, juntaram-se à coalizão
oposicionista o PSB, o PPS de Roberto Freire, o PV de Eduardo Jorge e o
PSC do Pastor Everaldo. Neste fim de semana, a aliança foi reforçada
pelo apoio público da família de Eduardo Campos e pela chegada de Marina
Silva ao palanque de Aécio.
2. No fim de semana, a aliança liderada por Aécio incorporou campeões
de voto filiados a partidos da base alugada. O PDT, por exemplo, segue
no time de Dilma, mas desfalcado dos senadores Cristóvam Buarque (DF) e
Pedro Taques, governador eleito de Mato Grosso. Também figura no grupo
dissidente Antonio Reguffe, senador eleito pelo PDT do Distrito Federal.
Como os dois candidatos a governador no segundo turno apoiam Aécio, até
o Ibope teve de admitir, numa pesquisa divulgada nesta terça-feira,
que em Brasília o senador mineiro está 30 pontos percentuais acima da
candidata à reeleição.
3. No Rio Grande do Sul, Aécio conseguiu o apoio de José Sartori, do
PMDB, que se prepara para confirmar no segundo turno a derrota imposta a
Tarso Genro no dia 5. Aos lado dos eleitores de Sartori estão os que
votaram na terceira colocada, senadora Ana Amélia Lemos, do PP. Como em
Santa Catarina e no Paraná, também no Rio Grande do Sul o candidato
tucano somará mais de 50% dos votos válidos.
4. O poder de fogo da aliança antipetista no Brasil meridional só é
inferior ao exibido na portentosa frente paulista, que garantiu a Aécio
44% do total de votos no Estado que abriga um terço do eleitorado
brasileiro. Esse colosso cresceu com a migração de dois terços dos que
votaram em Marina Silva, com a prostração paralisante da companheirada
surrada nas urnas, com os estrondos da roubalheira na Petrobras e com o
entusiasmo dos tucanos vitoriosos, decididos a ampliar os 7 a 1 do
primeiro turno que transformaram São Paulo na Alemanha do lulopetismo.
5. No Rio, ressurgiu mais encorpado o grupo que defende a chapa
Aezão, formada por Aécio e pelo governador Luiz Fernando Pezão, que
disputa a segunda etapa contra o senador Marcelo Crivella. O significado
do movimento articulado por prefeitos e parlamentares do PMDB
ultrapassa as fronteiras do Rio. Governistas incuráveis, os
peemedebistas sempre adivinham quem vai ganhar. A ressurreição do Aezão
avisa que, para os peemedebistas, é Aécio o franco favorito.
6. Em Minas, os fabricantes de estatísticas já se renderam aos fatos:
Aécio lidera a corrida com folga em todas as pesquisas divulgadas com
reveladora discrição pelos fabricantes de índices convenientes ao
governo federal.
7. A vantagem da presidente no Nordeste foi consideravelmente
encurtada pela inversão do quadro eleitoral em Pernambuco e pelo aumento
da votação de Aécio nos Estados em que candidatos da oposição disputam o
segundo turno.
8. No mesmo dia em que Dilma resolveu hasteá-la ao lado de Fernando
Collor, Renan Calheiros e Renan Filho, a bandeira do combate à corrupção
foi arriada pelas revelações feitas às Justiça Federal do Paraná por
dois protagonistas e testemunhas da roubalheira na Petrobras. As
denúncias vocalizadas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e
pelo doleiro Alberto Yousseff, conjugadas com a discurseira moralista de
Dilma, confirmaram que o Brasil é o país da piada pronta.
9. O sumiço de Lula é um aviso aos navegantes: o barco de Dilma
percorre a rota do naufrágio. Sempre o primeiro a cair fora do porão, o
padrinho não é visto ao lado da afilhada desde 3 de outubro. Faz 13 dias
que inventa compromissos no Acre, no Rio Grande do Norte ou no Ceará
para não dar as caras no palanque em perigo.
Conjugados, os nove tópicos permitem calcular com precisão a posição
dos candidatos e a distância que os separa: Aécio Neves tem 55% dos
votos válidos e Dilma Rousseff, 45%. A diferença é de 10 pontos
percentuais. Por enquanto.
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