Por Percival Puggina
Você lembra da frase símbolo do Fórum Social
Mundial? Ela se espalhava pela cidade sempre que o evento ocorria aqui
em Porto Alegre. "Um outro mundo é possível!", berravam, em tinta
vermelha, os muros da capital. Outro mundo não é a mesma coisa que mundo
melhor. Melhorá-lo, sim, claro, sempre. Ele será melhor com pessoas
melhores, cultivando bons valores morais. Contudo, na visão dos
discípulos de Marx e dos adoradores de Che que querem o tal outro mundo,
é necessário destruir este e substituí-lo por algo ao seu gosto. Ou
não? É daí e de nenhum outro lugar que procedem muitos dos males que
bombardeiam a Civilização Ocidental e seus pilares.
No início
deste mês, li excelente artigo assinado por Paulo Vasconcelos Jacobina.
No texto, o autor, que é Procurador da República, combate o conceito
infiltrado no ambiente intelectual de que não existe um "direito
natural" aplicável ao ser humano e decorrente de sua natureza. O mundo
pós-moderno, ao considerar tal ideia ultrapassada e intolerável,
franqueia as portas ao relativismo moral, primogênito da
pós-modernidade, cadeira de balanço das consciências sem rumo nem prumo.
Segundo ele, nada, absolutamente nada se deduz do ser em relação ao seu
dever ser. Será que os bons pais e mães que me leem concordarão com
isso ao contemplarem sua amorosa função pedagógica para com os filhos?
No entanto, esse mal ataca e prospera, conduzido pela letargia das
consciências que, em vez de ajustarem os atos ao naturalmente bom e
justo, conformam a lei aos seus atos.
Se não existir um Direito
que se possa extrair da natureza do ser humano, tudo será segundo o que
estiver legislado, sem que haja qualquer sentido em nos interrogarmos a
respeito de seus fundamentos morais. É por isso que temos ouvido falar
tanto em "empoderamento", neologismo parido na maternidade do
relativismo moral, infectada pelos vícios que corroem a vida social.
Empoderamento é aquisição de força para impor a lei. Ele está no cerne
do debate político brasileiro nestes tempos de disputa eleitoral. É ele
que explica, por exemplo, o famigerado Decreto Nº 8.243 (que cria os
conselhos populares, ou sovietes, dentro da administração federal). É
ele que explica, também, a ação de grupos que tentam tomar a laicidade
do Estado pelo seu avesso, fazendo com que deixe de ser uma proteção dos
cidadãos e suas crenças para convertê-la em escudo protetor do Estado
contra as opiniões das pessoas. E o que é pior, como muito bem afirmou o
autor mencionado acima, transformando o Estado em grande "educador
moral", coisa que ele não é nem deve ser.
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