Ódio contra Israel tem uma causa: inveja!

A esquerda odeia Israel por uma razão: a história do século XX mostrou que o socialismo tinha tudo pra dar certo, e deu errado. O estado de Israel, o sionismo, tinha tudo pra dar errado, e deu certo.” 

Karla: A esquerda é a favor ou não é a favor dos árabes, professor Jorge Inácio?
Jorge Ignácio Szewkies: Bom, a pergunta parece simples, Karla, mas eu prefiro convidar os telespectadores e meus colegas de bancada a uma reflexão; e vou, no fim, ver se nós, em conjunto, temos essa resposta. Porque me chamou a atenção nos últimos dias um conjunto de entidades, algumas mais expressivas, a maior parte sem expressão alguma, mas um conjunto de instituições e entidades do perfil ideologicamente identificado à esquerda chamando manifestações na cidade. Houve, inclusive, uma importante em termos quantitativos, porque mobilizaram a juventude, mobilizaram os estudantes, os centros acadêmicos, contra a ação israelense em Gaza.
E eu fiquei pensando: bom, será então que a nossa esquerda é a favor dos árabes?
Então eu convido vocês a essa reflexão e me permitam… Peço desculpas antecipadamente por entrar com algumas imagens na casa de todos vocês numa segunda-feira nesta hora, mas para responder, nós precisamos ver.
IMAGEM 1 – SÍRIA
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Por exemplo, esta imagem aqui vem da Síria onde cristãos são perseguidos e muitos deles vergonhosamente e violentamente crucificados, debochados. Veja que tem criança olhando isso, e aí eu me pergunto: são árabes cristãos? Vocês veem alguma mobilização aqui da esquerda em defesa dos cristãos árabes? Me respondam no final. O próximo slide, por favor.
IMAGEM 2 – SÍRIA
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Isto aqui, também na Síria, se refere às chacinas que ocorrem atualmente entre os diferentes grupos étnicos. Uma guerra que já matou… Vocês acompanham os números desta semana – lamentável número de mortes desta semana, mas vocês sabem que estamos falando na casa de centenas, e na Síria nós já passamos de 180.000 assassinatos. Vocês veem a população nas ruas pedindo paz e moderação ao presidente da Síria? Me digam esta resposta no fim. O próximo slide…
IMAGEM 3 – IRÃ
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…a violência contra dissidentes no Irã, em julgamentos rápidos, sucintos, vergonhosos e o enforcamento em praça pública para aterrorizar a população numa volta à Idade Média. O próximo [slide]:
IMAGEM 4 – TUNÍSIA
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Vocês assistem a essas manifestações? A esquerda brasileira que se diz humanista e pacifista fala desse enforcamento na Tunísia?
A próxima [imagem], por favor:
IMAGEM 5 – MUNDO ISLÂMICO*
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…o apedrejamento de mulheres adúlteras no mundo islâmico. Ali há um detalhe para não aparecer a cabeça da mulher, o rosto dela, e os homens apedrejando uma mulher acusada de adultério. Vocês enxergam as mulheres brasileiras na rua pedindo a punição e o fim deste apedrejamento? Me respondam dentro de alguns minutos. O próximo slide, por favor:
IMAGEM 6 – DOUTRINAÇÃO
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Aqui vocês têm a infância sendo educada para a violência. Os nossos educadores estão pedindo que as crianças de ambos os lados sejam poupados de ensino da violência? Me respondam em poucos minutos. O próximo slide, por favor…
IMAGEM 7 – FAIXA DE GAZA
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Isto é o que tem estarrecido o mundo inteiro: a utilização de civis como escudos protetores contra bombardeamentos de armas, hoje, modernas… Isto é indescritível! Isso não dá pra qualificar, por exemplo, aqui vocês têm um prédio, um prédio residencial na faixa de Gaza, e vocês sabem… Pode tirar, eu acho que todo mundo viu.
Vocês sabem que eles estão utilizando mesquitas, os colégios; a própria escola da ONU guardava foguetes numa violação tremenda, eu nem digo à lei, [mas] ao bom senso, ao mínimo de humanidade. E eles guardam isso em escolas, em prédios residenciais – [os] armamentos e lançadores de foguetes.
E eu posso dizer hoje, tranquilamente, tudo isto porque é sabido e eu vim pra televisão hoje… Eu vi no noticiário europeu, felizmente, parece que a trégua é iminente porque não se pode continuar assistindo a isso. O Hamas vai ter que abdicar da violência, vai ter que entregar as armas. Não há outra possibilidade senão a rendição, senão fica morrendo gente, morrendo gente… Eles fazem isso de colocar as crianças [como escudos humanos]…
Eu tenho, se vocês me permitem, uma coisa que eu não trouxe porque eu achei que ia prejudicar a janta de vocês, em lançamentos de morteiros… Filmes feitos pelo próprio Hamas mostrando uma vantagem nisto, cheio de crianças em volta porque eles sabem que através do satélite se percebe; haveria um lançamento de algum míssil contra esta plataforma de morteiros e enchem de crianças em volta, e um adulto dizendo pra eles: “Vamos morrer em nome de Alá!”
E o mundo silencia, não o mundo inteiro, digamos assim, mas aqui nós temos este pessoal que vai pra rua numa guerra que praticamente ninguém destas pessoas que estão na rua compreende a complexidade que é… Aqui qualquer pessoa tem opinião sobre tudo, sobre se o Dunga tem que ser o técnico da seleção, sobre a presidência, e principalmente sobre um conflito tão severo.
Mas eu quero responder agora, finalmente, a pergunta que é o tema do meu comentário. Eu vou ser breve.
Eu perguntei se a esquerda é a favor dos árabes. Vocês viram que não. Esta esquerda brasileira é sim anti-Israel; e anti-judaísmo em consequência. Por quê? Porque Israel hoje representa tudo o que a nossa esquerda, esta aqui odeia.
Primeiro: pluripartidarismo – a defesa de opiniões contraditórias sem que a pessoa seja teu inimigo: ele apenas pensa diferente de ti.
Um parlamento, inclusive, que tem árabes representantes.
[Segundo:] Não suportam a liberdade absoluta de expressão, liberdade de imprensa.
Senão, tu fala contra eles, não, tu és “coxinha”, tu és não sei o quê, “imprensa golpista”.
[Terceiro:] Não suportam o judiciário independente.
Veja o que aconteceu no julgamento do mensalão, [com a esquerda] atacando, inclusive, com expressões racistas o ministro do Supremo.
E assim eu poderia continuar, mas essencialmente uma última frase…
Bom, na verdade encerro o meu comentário agradecendo a paciência que vocês todos tiveram. Esta questão das crianças protegendo um morteiro, em vez de o morteiro proteger as crianças: se vocês quiserem, peçam, e eu mando o vídeo para vocês feito pelo próprio Hamas, mando por e-mail com todo prazer, mando aqui para o programa.
O fato do seguinte:
A esquerda odeia Israel por uma razão: a história do século XX mostrou que o socialismo tinha tudo pra dar certo, e deu errado. O estado de Israel, o sionismo, tinha tudo pra dar errado, e deu certo.
VÍDEO FINAL – ESCUDOS HUMANOS EM LANÇAMENTO DE FOGUETES
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Alta comissária da ONU para direitos humanos, Navi Pillay: “As ações de Israel podem configurar ‘crimes de guerra’.”
Relações Exteriores da PALESTINA: “Seguiremos resistindo a ocupação por todos os meios”.
IRÃ: “Israel agrava a situação, comete crimes de guerra, limpeza étnica e terror de Estado.”
ARGÉLIA: “Os massacres e genocídios que estão sendo realizados.”
VENEZUELA: “Israel está querendo exterminar o povo palestino.”
SÍRIA: “Israel tem uma mentalidade racista e criminosa.”
SUDÃO: “O massacre e o genocídio continuam sendo realizados por Israel.”
Palavra cedida ao diretor da ONG UN Watch, o observador da ONU Hillel Neuer:
Sr. Presidente, acabo de voltar de visita a Israel para relatar a essa Assembleia e ao mundo sobre a grave situação que presenciei e experimentei. Uma nação inteira – povoados, vilas e cidades –, desde o deserto de Negev até a Galileia, da Judeia e das colinas de Jerusalém até o mar de Tel Aviv, tem estado sob ataque brutal e implacável de mais de dois mil morteiros, foguetes e mísseis de longo alcance, disparados de Gaza em direção a civis em todas as partes da Terra Santa. Nunca antes, na história de sete décadas de existência de Israel, seus homens, mulheres e crianças estiveram sob um ataque aéreo tão grande, obrigando-os, ao som de sirenes de ataque aéreo dia e noite, a correr para um abrigo. E nunca, na história moderna das nações, uma sociedade livre e democrática, viveu sob tal bombardeamento de uma organização terrorista, que se esforça abertamente e celebra o assassinato de civis, e que, como sua visão de mundo, glorifica a morte. Será que o mundo alguma vez imaginou que a antiga cidade de Jerusalém, sagrada para o judaísmo, o cristianismo e o Islã, e repleta de lugares sagrados, que são reconhecidos pelas Nações Unidas como locais de patrimônio histórico da humanidade, seriam deliberadamente alvejados por foguetes indiscriminadamente? Mas assim é. Durante um ataque aéreo em Jerusalém, eu corri até o porão de um edifício com crianças chorando traumatizadas. Durante um ataque aéreo em Tel Aviv, os vizinhos de um prédio de apartamentos mostraram grande força de espírito em desafio ao terrorismo chegando a abrigar estranhos, enquanto ouvíamos os estrondos dos foguetes acima. E assim como eu estava no meu avião, prestes a partir e voltar aqui para Genebra, a sirene soou em torno do aeroporto e tivemos que correr para fora do avião para procurar abrigo. Vocês ouviram as notícias hoje: as companhias aéreas internacionais estão agora deixando de voar para Israel por causa deste perigo. Eu acredito que o mundo deveria saudar esta nação aterrorizada, sitiada e aguerrida, que se recusou a se render à desmoralização, ao mostrar coragem, determinação e força de espírito para sobreviver e resistir a esta agressão maciça.
Sr. Presidente, volto-me agora para a resolução sobre a qual este Conselho em breve irá votar. O texto denuncia Israel, nega seu direito à defesa, e desconsidera os crimes de guerra do Hamas. Perguntamos: por que este Conselho se recusa a dizer o que foi dito há suas semanas pelo próprio embaixador palestino?
Em um momento extraordinário de sinceridade, o embaixador palestino Ibrahim Khraishi admitiu na TV Palestina em 9 de julho que “todo e cada míssil palestino lançado contra civis israelenses constitui um crime contra a humanidade”. E que, por outro lado, as ações de resposta de Israel em Gaza “seguem procedimentos legais”, porque, como o porta-voz do Hamas admitiu na TV, “israelenses os advertem para evacuar suas casas antes do bombardeio”, disse ele, porém “os mísseis lançados de nosso lado, nunca avisamos sobre onde esses mísseis vão cair ou sobre as operações que realizamos”. Como pode qualquer entidade da ONU ou indivíduo atuar pelos direitos humanos se eles se recusam a dizer aquilo que foi dito pelo próprio embaixador palestino? É possível que o verdadeiro propósito desta sessão seja silenciar as verdadeiras vítimas e vozes de direitos humanos ao redor do mundo, desviando a atenção dos piores abusos? Pedimos a todos aqueles que abraçam hipocrisia e duplos padrões:
Se no ano passado vocês não se manifestaram quando milhares de manifestantes foram mortos e feridos por Turquia, Egito e Líbia; quando mais do que nunca pessoas foram enforcadas pelo Irã; mulheres e crianças no Afeganistão foram bombardeadas; comunidades inteiras foram massacradas no Sudão do Sul; centenas no Paquistão foram mortas por ataques terroristas de jihadistas; 10.000 iraquianos foram executados por terroristas…
INTERRUPÇÃO PELO EGITO.
(Existe uma questão de ordem feita pelo Egito.)
EGITO TENTA SILENCIAR O OBSERVADOR DA ONU: “Eu não vejo que tenhamos razão para discutir outras questões referentes a situações de direitos humanos em outros países”.
EUA DEFENDE O DIREITO DE FALAR DO OBSERVADOR DA ONU: “… o sr. deveria permitir que a ONG continue a falar.”
IRÃ TENTA SILENCIAR OBSERVADOR DA ONU: “Minha delegação gostaria de apoiar inteiramente a questão de ordem feita pela distinta delegação do Egito. Obrigado.”
CANADÁ DEFENDE O DIREITO DE FALAR DO OBSERVADOR DA ONU: “Nós solicitamos que o sr. completasse sua intervenção.”
ISRAEL DEFENDE O DIREITO DE FALAR DO OBSERVADOR DA ONU: “Nós pedimos para que o sr. permita que a ONG continue sua declaração.”
VENEZUELA TENTA SILENCIAR OBSERVADOR DA ONU: “Nós gostaríamos de apoiar a questão de ordem feita pelo Egito.”
PALESTINA TENTA SILENCIAR O BSERVADOR DA ONU: “O palestrante seguirá na mesma linha se não for impedido.”
CUBA TENTA SILENCIAR O OBSERVADOR DA ONU: “É inconcebível que esta organização, uma ONG tenha permissão de vir neste Conselho e distrair-nos com o pouco tempo que temos para debater uma questão de importância tão crucial como o genocídio cometido presentemente contra o povo palestino.”
VOLTA A PALAVRA AO OBSERVADOR DA ONU:
Obrigado, sr. Presidente. Vou apenas observar que houve algumas questões quanto à entrevista do embaixador palestino na TV palestina ser verdadeira ou não, mas vemos que o embaixador palestino acabou de intervir e não foi capaz de negar essas observações. Deixe constar isso no registro. Por fim, perguntamos:
…se vocês se recusam a falar pelos 1800 palestinos, se não mais, que morreram de fome, assassinados por Assad na Síria, e só se manifestam quando Israel pode ser culpado, então vocês não são pró-direitos humanos, vocês são apenas anti-Israel.
INTERRUPÇÃO FEITA PELA SÍRIA:
(Síria tem o direito de falar, por favor.)
Sr. Presidente, estamos acostumados a ouvir esta organização não governamental criar divisões entre os oradores e falando fora de hora, eu espero que o orador não tenha mais permissão de prosseguir com sua declaração. Obrigado.
VOLTA A PALAVRA AO OBSERVADOR DA ONU:
Obrigado sr. Presidente. Deixe o mundo saber que, numa sessão supostamente sobre direitos humanos palestinos, o governo da Síria se opôs a mencionarmos os seus 1800 palestinos que passaram fome e foram assassinados.

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Transcrição e tradução: Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil

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