Um amor que vai além...


       O verdadeiro amor não se constrói com palavras e sentimentos. Palavras são como pimenta, pode até ser usadas, mas com moderação e sentimentos são como doces, se quiser experimentar faça-o, mas não exagere. O verdadeiro amor se constrói com atitudes ao longo de um tempo que parece passar tão rápido quando duas pessoas se curtem.

       A hora que nasce o amor? Você nunca saberá. Mas existirão sinais que lhe darão a certeza de que o amor nasceu ali. Quando o amor nasce, ele trás consigo uma amiga chamada cumplicidade. Não é a cumplicidade antissocial, ilegal ou desordeira, é a cumplicidade entendida do ponto de vista da satisfação em fazer o outro feliz. Quando alguém te ouve com dedicação, busca entender os seus gostos e participar das suas realizações, ai está havendo cumplicidade.
       O amor, ao nascer, trás consigo o desejo. Não apenas o desejo sexual de um corpo pelo outro, mas o desejo de se tornar o suporte para que o outro alcance as alturas. O desejo de, estando nas alturas, estender a mão para que o outro suba também. O desejo de compartilhar sentimentos e emoções leves ou fortes e de ouvir as histórias bobas e serias. O desejo de olhar nos olhos e dizer: não tenha medo, eu estou aqui.

       Nasceu o amor quando você chegou àquela altura da estrada em que, olhando para o lado e não vendo o outro, você pensa: não dá pra seguir sozinho. Você então espera, volta se preciso for, ajuda o outro a se levantar e segue com ele, pois nesse ponto da estrada, a vida só terá sentido e prosperidade se os dois caminharem juntos.
       A hora de perceber que o amor não nasceu? Você vai demorar de perceber. Estará tão envolvido em seu egoísmo de achar que o outro está na mesma sintonia que você, que vai demorar a perceber os sinais, e quando os descobrir finalmente, você vai sofrer, pois o amor quando não nasce, dar lugar a ervas daninhas. Mas os sinais são perceptíveis, senão vejamos:

       Não nasceu o amor, se as únicas coisas que importam em você são aquilo que você tem ou é. Se você tem bens, se você tem títulos, o outro logo manifesta interesse. Se você aceitar, será como uma boa refeição a qual se come e se paga e vai embora, sem mais perguntas. Se você se iludir, e achar que ser um prato apetitoso é o suficiente, logo verá que a culinária é muito variada e será substituído como se troca acém por filé. Se você não aceitar, vai experimentar o gosto do melhor dos pratos: o do amor próprio. Talvez nessa última opção, haverá uma chance de se plantar a semente do amor, pois quem ama a si mesmo se torna muito mais atraente.
Definitivamente o amor não nasceu para você que é ignorado por quem você acredita lhe dever atenção, tampouco será o amor, em sua forma plena, a vontade egoísta de ter atenção de alguém. Atenção não é algo que se peça assim como amor não é algo que se compre nas prateleiras da vida. Atenção é uma dádiva que se dar e se recebe graciosamente por mero desprendimento pessoal. Se precisar cobrar a atenção de alguém, verás que não há amor, então nunca cobre atenção, mas se a receber, retribua na medida do seu bem querer.

Para ir além, o amor não pode estar condicionado e nem limitado em sua plena expressão. Para ir além, o amor precisa ser livre, doado, sem meritocracia, pois não se pode amar só por merecimento, mas por liberalidade. O amor que vai além é aquele que faz dois corações baterem juntos, numa mesma sinfonia, como se ambos fossem apenas um.

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