"O Brasil é um Estado fraco"

Nas palavras do Juiz Federal Odilon de Oliveira, em entrevista cedida à série de reportagem da TV Record "MACONHA - Os Barões do Tráfico" (2009), “... o crime organizado está com seus tentáculos na administração pública. O crime organizado está ancorado nos três poderes há muito tempo. O Brasil não é um Estado forte, nunca foi, no combate ao crime organizado. O Brasil é um Estado fraco ...”. É possível entender o tamanho da indignação desse homem que tem em seu currículum ordens de prisão para mais de 100 grandes traficantes do Brasil e do extrerior (que atuam no Brasil). Homem que vive rodeado de seguranças numa espécie de prisão domiciliar, a fim de se proteger das diversas ameaças que recebe por enfrentar, corajosamente, o crime organizado.
Quando falamos em crime organizado, pensamos logo em organismos criminosos como o PCC - Primeiro Comando da Capital ou do CV - Comando Vermelho, que paradoxalmente, ostentam a bandeira de luta contra "opressão" pela paz, justiça e liberdade. Mas estes organismos jamais teriam força para sobreviver em um país onde a corrupção não fosse o pior dos males, tendo em vista que ela é quem gera a pobresa e a desigualdade social, favorecendo o crescimento de organizações paralelas.
Não, nem PCC, nem CV. O crime está organizado e institucionalizado dentro dos três poderes, mas seu ápice está dentro da política. Conta-se às centenas os casos de escândalos dentro do senado e das câmaras estaduais e federal, sem falar nas prefeituras e câmaras de vereadores dos municípios, todas impregnados de gente corrupta favorecidas por uma lei conivente, cheia de brechas para permitir os desvios de conduta. Para exemplificar, se é preciso, vejamos os escândalos de mensalões dos partidos políticos no Congresso Nacional e Distrito Federal, vendas de sentenças nos Tribunais de Justiça dos Estados, desvios de dinheiro através de ONG’s, Vereadores que recebem contribuições mensais de Prefeitos para votações, lobistas circulando por todos os gabinetes ou palácios de chefes do executivo, sem falar nas milícias formadas por bandidos e policiais que criaram no Rio de Janeiro um Estado dentro do próprio Estado.Precisamos urgente de uma reforma judiciária que acabe de vez com as regalias de suas excelências. Precisamos acabar, primeiro, com a facilidade que suas excelências tem em criar leis que os beneficiam em detrimento do bem comum, como é o caso das aprovações de aumento salarial nas caladas da noite. Vamos acabar com a legislatura de causas próprias.
Na verdade precisamos atacar os pontos fracos deste país que o torna um fértil berçário para os aproveitadores. A pouca vergonha na esfera pública tem que se acabar. Moralidade já! Precisamos de mais Odilon de Oliveira no Brasil!

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