A chaga que aflora no peito da modernidade.

Já foi dito estarmos vivendo numa sociedade do descarte, desancorada dos valores essenciais à vida civilizada, numa busca constante de auto-afirmação. Uma sociedade viciada no imediatismo, no consumismo e na falta de bases sólidas. Crises existênciais e distúrbios de convivência levam a humanidade ao caos fazendo surgir a sindrome da modernidade, o mal dos séculos: a confusão dos ideais.
Era de se esperar que o constante avanço científico e tecnológico, acompanhado do desenvolvimento intelectual através do acúmulo de conhecimento e da expanção da informação e da comunicação, fosse produzir uma sociedade educada com padrões de vida e respeitabilidade, cuja postura tornasse viável a coexistência harmoniosa entre os seres racionais e irracionais, naturais (e até sobrenaturais, quando inexplicáveis) e as coisas inanimadas, enfim, um planeta maduro, cujos seres igualmente maduros soubessem o valor do que realmente tem valor.
Infelizmente não é bem isso que se percebe nas sociedades atuais. A começar do desprezo entre os homens. O ser humano parece não ter aprendido com os erros do passado, quando a falta de diálogo os colocava em lados opostos e os obrigava a prática brutal da violência, da autotutela, das demandas infindas que prevaleciam de geração em geração numa soma ridícula de horrores. Os horrores ainda subsistem. A mais recente revelação que estampa a vergonha na cara da humanidade é o Haiti. Um país de miseraveis, sofredores, esquecidos, isolados. A chaga aflorada no peito da modernidade. Um grito funebre que se propagou, enfim, graças aquela nefasta catástrofe que soterrou parte considerável das antigas mazelas daquele país. Não há nada novo, que o diga o continente Africano com seus paises entregues a total pobreza, o Haití é o país mais pobre do Novo Mundo, mas o que há de novo por aqui? Continuamos tal qual bárbaros pilhando, oprimindo, segregando, escravizando, e pior ainda, fazendo isso em micro e macro escala de modo intolerável.

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