
Programas
sensacionalistas são aqueles que exploram imagens chocantes da miséria, da dor,
do sofrimento alheio. Banalizam a vida e ferem os princípios fundamentais da
dignidade e do respeito aos direitos humanos usando como pretexto a liberdade
de expressão ou o direito à informação, entretanto, transformar a dor alheia em
espetáculo para atrair e prender a atenção do telespectador contribui apenas
para a formação de uma opinião pública distorcida da realidade; promovendo
prejulgamentos e cerceando o sagrado direito de defesa, pois enquanto para a lei
há inocência até que se prove o contrário, para a mídia sensacionalista há
culpada mesmo provando inocência.
Em maio deste
ano, um episódio jornalístico chocou a Bahia e o Brasil. Protagonizado pela jornalista
Mirella Cunha da TV Band, que ao entrevistar um jovem acusado de estupro dentro
da 12ª Delegacia de Polícia de Itapuã, em Salvador, demonstrou séria
indiferença à situação e aos direitos do preso, fazendo chacota com a
ignorância do rapaz enquanto ele chorava, humilhado, desmoralizado e jurando
inocência. Um ato de crueldade e desumanidade que não pode se justificar pela
suposta prática de qualquer crime que seja. Onde fica o respeito à dignidade
humana e o direito constitucional que assegura aos presos sua integridade física
e moral?
São casos como
este que deve levar a sociedade a refletir sobre o papel da mídia. Não se trata
de censurar os meios de comunicação, mas de fazer com que seus produtores,
diretores, jornalistas cumpram o que reza o Código de Ética dos Jornalistas
Brasileiros, no seu artigo 6º que diz que "é dever do jornalista: opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à
opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos".
Os órgãos de
justiça e o Estado devem decidir se vão ficar do lado dos “Coronéis da Mídia”
baiana em combinação com os interesses políticos ou se vão cumprir a lei,
preservando a integridade física e moral dos presos e punindo aqueles que
permitem que fatos lamentáveis como o caso já falado continue se repetindo,
pois quando pensamos que estamos prestes a ver o fim do sensacionalismo dos
pseudojornalistas baianos, o Ministério Público adia a audiência pública que
seria realizada na manhã do dia 10/07/2012, que tinha por objetivo tratar sobre
os abusos cometidos contra a dignidade humana pelos meios de comunicação
baianos e sobre as estratégias conjuntas para a proteção dos direitos humanos.
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